O Governo Regional da Madeira decidiu não comemorar este ano o 25 de Abril, o que me parece extremamente acertado. De facto, não faz muito sentido que a Madeira festeje uma data que ainda não viveu. Quando o 25 de Abril chegar à Madeira, deve ser celebrado. Até lá, concordo com a proibição total das comemorações. Também não se festeja o Dia da Liberdade em Teerão, que diabo.
Admito que aguardo com muita ansiedade o 25 de Abril da Madeira. Não sei se o regime madeirense permite que a VISÃO circule livremente na ilha, mas gostava de explicar aqui, aos nossos irmãos madeirenses, em que consistirá o seu 25 de Abril, caso a História se repita. Embora eu ainda não tenha percebido bem se é a História que se repete ou se são os historiadores. Adiante.
Se tudo correr como no continente, o primeiro facto histórico relevante é este: Alberto João Jardim cairá de uma cadeira e será substituído por um dos seus delfins, provavelmente Jorge Ramos. Depois, numa madrugada, um grupo de militares fará uma revolução e acabará por instaurar a democracia. Vão ve rque vai ser giro. Nós, aqui no continente, gostámos.
Há, ainda, outro aspecto a considerar. Se nós queríamos que o 25 de Abril fosse celebrado pelo Governo Regional da Madeira, devíamos ter pensado nisso mais cedo. Todos sabemos que o Alberto João Jardim só festejaria o 25 de Abril se os militares tivessem invadido o Largo do Carmo vestidos de Shaka Zulu. Poque é que Salgueiro Maia veio de Santarém numa chaimite, vestido de camuflado, quando poderia ter chegado a Lisboa em cima de um bonito carro alegórico, envergando um vestido de baiana? Foi má vontade do Capitão de Abril, e uma acintosa tentativa de boicotar os futuros festejos da data na Madeira.
É preciso lembrar que o Governo Regional da Madeira não está sozinho. Há muitas outras pessoas que se sentem incomodadas com os festejos do 25 de Abril - o que só fica bem ao 25 de Abril. Um dos principais argumentos contra a celebração da data é o seguinte: a Revolução já aconteceu há muito tempo, não faz sentido continuar a comemorá-la. É um raciocínio interessante, que eu gostaria de ver aplicado a outras festividades, designadamente o Natal. Parece que o acontecimento que se festeja no dia 25 de Dezembro também já teve lugar há algum tempo. Talvez não faça sentido continuar a celebrá-lo.
Pela minha parte, confesso que continuarei a celebrar o dia 25 de Abril de 1974. Nasci três dias depois e agradeço muito a quem fez a Revolução o facto de ter tornado possível que eu não tivesse de viver nem um minuto sob o fascismo. A Revolução, para mim, é como uma cunha: se não fosse o 25 de Abril, eu não teria emprego.
[Boca do Inferno de Ricardo Araújo Pereira in VISÃO, 27 de Abril de 2006]
*Kisses*
(um hug especial pa minha filha)
2 comentários:
O Ricardo Araújo Pereira sabe mesmo do que fala, mesmo quando está só na palhaçada.....
E ele tem razão, porque é que a Madeira havia de festejar algo que não tem, a liberdade??
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a filha sou eu=)
Ah, sim, está excelente!
Viva a Liberdade.
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