quarta-feira, abril 26, 2006

Caminhando

"O caminho faz-se caminhando", disseram-me. Custou-me perceber que interesse tinha, para mim, tal brilhante afirmação no momento em que foi dito. Percebi.

Hoje regresso ao magnifico ISCSP.... Logo eu que estava tão bem de férias...
*kiss*

" Dizem que finjo ou minto
Tudo o que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
(...)"
Fernando Pessoa - Isto

domingo, abril 23, 2006

=)


"Do not distress yourself with dark imaginings.
Many fears are born of fatigue and loneliness.
You're a child of the Universe,
no less than the trees and the stars;
you have the right to be here.
Keep peace in your soul.
With all its sham drudgery and broken dreams,
it is still a beautifull world..."
(Strive to be happy by M.Ehrmann)

"Mas olha k para o MAO inda temo de andar um bom bocado..."

Noite de ontem foi brilhante...por vários motivos, ou melhor, por tudo. Já tinha saudades de sairmos assim=) é sp bom tar cvsco (seja onde for). Tar c minha prima é sp bom. E digamos k o sitio(apesar da origem do nome...) e o som ajudaram bastante!Enfim...uma noit brilhante!Amei!

Mal posso esperar p irmos ver o Serpentina!

*KISSES*

sexta-feira, abril 21, 2006

c'est la vie

Não tenhas medo. Não escutes demais. Não abafes. Não isoles tanto.
Vai em frete, segue o teu caminho e deixa as coisas acontecerem. Não ouças tanto aquilo que, no fundo, não vale nada(nem leva a lado nenhum). Liberta o que sentes e guardas aí dentro. Junta e partilha tudo o que tens dentro de ti.
Não deixes de fazer o que te apetece porque o teu orgulho não to permite, ou porque a tua mágoa fála demasiado alto. Se te sentes bem, se sabes que podes encontrar algum bem estar naquilo que (não procurando) anseias então esquece o resto.
O ser humano é orgulhoso por natureza(em maior ou menos escala), como ser que é sente. Ama, odeia, adora, gosta, detesta. E sofre. E magoa-se. Porque sente. Mas não te esqueças que o orgulho, ao fim e ao cabo, não nos serve de nada, mas não te esqueças que a única coisa capaz de "apagar" a mágoa é o amor (seja ele de que forma for - e há milhares e milhares de formas de amor possiveis).
Porque na vida vale tudo...mas o mais importante é viver e viver o mais possivel...
[a ti]

Where's my hug?!?!?
Bem hoje mandei outra quedaaaaaaaa (lol)!
*Kisses*

quarta-feira, abril 19, 2006

I

Virei costas. Não por não gostar. Não por não querer ajudar. Simplesmente por não ser capaz de o fazer.
-Vais-te embora assim?
-Assim como?
-Ela esta a chamar-te. Como consegues ir embora, ela precisa de ti.Ela quer a tua ajuda!
-O meu nome é muito mais que um "aglomerado" de letras. Eu preciso, realmente, ajuda-la. Eu quero faze-lo. Mas por enquanto não posso, não sou capaz.Vê se entendes.
-Não entendo...

"-Menina..ohh menina...." este chamado tornou-se um eco na minha cabeça...não esqueço aquela voz desesperada, a mão esticada a pedir ajuda, a força e o medo que deixei atrás das minhas costas quando me virei para vir embora.
Sei que não me ouve, sei que não me entenderia, mas peço-lhe desculpa por não lhe ter segurado a mão com mais força e por mais tempo. Mas os dias passavam depressa e, por muito que me eforçasse, não conseguia entender o seu medo.
Queria esticar a minha mão, apertar a sua com força, dizer-lhe que tivesse calma, que estava tudo bem. Queria ajuda-la. Mas durante todos esses dias raramente lhe encontrei os olhos, apenas uma ou outra vez. Uma ou outra vez que me cortaram a alma, a tristeza e o grito por auxlio.
"-oh Menina não vá, menina. Menina..." mas eu tinha de ir, assustava-me a ideia de lhe dar a mão, de lhe dar a mão e não a conseguir ajudar como realmente queria. Assustava-me a ideia de impotencia. Assustava-me a ideia de momentaniedade e esquecimento. Porque a ajuda seria momentanea e o seu resultado também. Queria ajuda-la. Queria ajuda-la, mas para além de tudo queria saber que um dia poderia virar costas que a senhora ficaria um pouco melhor.
Mas nunca soube o que precisava para ajuda-la. Nunca soube porque é impossivel. É impossivel virar costas e deixar tudo bem, e deixa-la bem. É impossivel...

[à "sra.d.Mariana"*sei que, mesmo que não se lembre desses momentos, a ajudei (mesmo que por-vários-breves instantes)a ultrapassar, ou a esquecer, esse medo que ninguém conhece. Talvez seja 'apenas' o medo da solidão!*]

Back from paradise...
Cheguei hoje. Deixei parte do meu coração(despedaçado) lá...mas daqui a semana e mei regresso!Adroro aquilo, adoro-os.
Espero k a vossa Páscoa tenha sido muito boa...repleta de coelhos, amendoas e ovos=)
*Kisses*

sexta-feira, abril 07, 2006

Vida Plena

Posso mover-me em qualquer direcção. Sou livre. Somos livres.
Podemos não saber nada de nada, mas somos sempre alguma "coisa", ou muitas "coisas". Podemos não saber o que queremos, podemos não saber definir o que gostamos, podemo-nos sentir perdidos, desencontrados, vazios, podemos ter certezas absolutas (quer dizer, podemos pensar que as temos), podemos até não ter a coragem de nos assumirmos enquanto ser. Mas são as nossas diversas posições perante todas estas "possibilidades"(e tantas outras) que nos tornam num ser único.
Movo-me, movemo-nos, em qualquer direcção. Escolho a direcção que quero, que me parece melhor, ou por vezes aquela que me permite fugir a obstaculos, mas sou eu que a escolho. Sou eu a única responsavel pelo meu caminho. Caminhos temos sempre muitos, destinos nem sempre.
Se escolhi este ou aquele caminho é porque, ao momento da escolha, me pareceu o melhor ou porque não consegui ver alternativas, não foi por obrigação. Não.
As nossas escolhas nem sempre fazem de nós (os) seres mais felizes, mas não é isso que se pretende. Pretende-se, somente, que continuemos à procura daquilo que acreditamos ser a felicidade. Acreditamos. Se não for, paciencia...para a proxima viramos à direita.

Não sei se ainda volto postar antes das férias (isto é, antes de ir para férias, porque de férias já eu estou). Caso não o faça desejo-vos uma optima páscoa, ou melhor, uma optima semana...e aproveitem os ovos, os coelhos e afins!!
Deixo-vos uma frase de Carl Rogers (conceito de Vida Plena) que me "inspirou" para o post de hoje, mas foi uma mera inspiração, o post que aqui faço hoje não é, de forma alguma, a explicação da ideia de Rogers.
"Vida plena é o processo evolutivo orientado para uma direcção concreta, que o organismo humano elege quando se encontra livre para mover-se em qualquer direcção."

*kisses*

quinta-feira, abril 06, 2006

observation

Of no account at all
how you look.
But what you have seen
and what you reveal does count.
(...)
But one who observes only himself
gains no knowledge of Men.
From himself he hides too much of himself.
(...)
Observe each one you set eyes upon.
Observe strangers as if they were familiar
and those whom you know as if they were strangers.

To observe you must learn to compare.
To be able to compare
you must have observed already.
From observation comes knowledge.
But knowledge is needed to observe.
(...)

All this watch closely. Then in you mind's eye
from all the struggles waged
make pictures
unfolding and growing like movements in history.
Extraído de um dos poemas da série «Geidichte aus dem Messingkauf» de Bertolt Brech.

*kisses*

[férias a caminho...férias,férias,férias=) ]

quarta-feira, abril 05, 2006

Gonçalo e António

Hoje deixo o primeiro "capitulo" de Angústia para o jantar, de Luis de Sttau Monteiro (um dos meus livros favoritos desde há muito)...sei que é grandito, mas vale a pena ler...
-Meu pai dizia-me que da janela da repartição onde trabalhava se via o mar...
-Que fazia teu pai?
-Que fazia meu pai? Não fazia nada, era oficial da marinha. Entrava na repartição às 10 e saía às 6...Lá o que ele fazia na repartição não sei...Preenchia papelada ou sonhava com navios...sei lá...talvez olhasse para o mar através da janela...Quando chegava a casa lia o jornal, fazia as palavras cruzadas e ia para a cama. Era oficial da marinha, digo-te eu...

O criado aproximou-se e pôs uma garrafa de vinho sobre a mesa, ao lado de três já vazias. O filho do oficial da marinha encheu os dois copos, bebeu o dele e encostou-se outra vez à mesa, apoiando a cabeça numa das mãos. Esperou que lhe passasse, no estômago, o ardor causado pelo vinho e continuou:
-Minha mãe, coitada, que não era oficial da marinha, era a lutadora da familia!
O amigo sorriu.
-Lutadora?
- Sim, lutadora. Julgas que é fácil ser-se mulher de um oficial da marinha que não tem navios para se fazer ao mar? Julgas que é fácil ser-se mulher de um oficial da marinha que sonha com Índias e com Vascos da Gama e que passa as noites a fazer palavras cruzadas no jornal? Não é nada fácil, amigo Gonçalo, mesmo nada fácil...
Voltou a encher o copo e encostou-se para trás na cadeira.
-Ainda por cima, vivia lá no prédio uma familia burguesa que tinha uma fábrica para os lados da Amadora. Tinham carro e tudo...
-E tudo?
-E tudo, pois! Tudo o que tem quem é proprietário de fábricas: o respeito dos vizinhos, a servilidade do porteiro, crédito na mercearia, opiniões sensatas... Minha mãe não tinha nada disso, mas não dava o braço a torcer. Lutava contra o merceeiro, o droguista, a mulher do lugar, o farmacêutico, o pecado, a maçonaria, o padeiro...eu sei lá! E sabes, ao fim e ao cabo, o que ela queria?

Com dois gestos encheu o copo e bebeu. Levantou-se e, já de pé, com as mãos nos bolsos, continuou:
-Pois fica sabendo que só queria comprar um tapete novo para a sala. Um tapete encarnado com flores brancas. Estás-te a rir?! Então dig-te que ainda o ano passado conheci uma velha, perto de Caldelas, que apenas tinha um sonho na vida: juntar dinheiro para comprar uma cabra!
De pé, com as pernas abertas, olhando de frente para o amigo, tirou do bolso um maço de Paris e acendeu um cigarro com a mão direita. Inspirou o fumo profundamente e passou o isqueiro para a mão esquerda.
-O raio da velha tinha setenta e sete anos e nunca amealhara dinheiro suficiente para comprar uma cabra...

Meteu o isqueiro no bolso, com um gesto violento.

-Espantas-te por a minha mãe ter passado anos a juntar caroço para o tapete? Para o tal tapete encarnado com florinhas brancas? Se calhar espantas-te... Nunca te faltou nada... Se a tua mãe quisesse um tapete encarnado com flores brancas, era só ir à loja comprá-lo... Pois a minha mãe todos os dias ia à loja, ouviste? Todos os dias por lá passava! Mas não ia comprar nada, percebes? Ia ver os tapetes! Todos os dias ia ver os tapetes!

Voltou a sentar-se à mesa e, dum trago, despejou o copo que o amigo reenchera. Pegou na garrafa, mas voltou a pô-la sobre a mesa.
O amigo tentou acalmá-lo:
-Compreendo perfeitamente o teu desespero. Nenhum filho se resigna a ver a mãe sofrer. É horroroso! Mas diz-me uma coisa: no dia em que a tua mãe conseguiu comprar o tapete, ficou doida de alegria,não? Aposto que te obrigou a tirar os sapatos antes de entrar na sala...
-A minha mãe nunca chegou a cromprar o tapete.

Olharam-se de frente e ambos desviaram os olhos. Beberam o resto da garrafa em silêncio e chamaram o criado para que trouxesse outra. Só depois de o criado se ter afastado, é que o filho do oficial da marinha continuou em tom mais calmo:
-Não faças essa cara tão triste por a minha mãe nunca ter conseguido comprar o tapete. Nada disto se relaciona contigo. Pertences a uma classe em que tudo acaba sempre bem. Até as histórias que vos contam em pequenos acabam bem: «casaram, tiveram muitos filhos e foram muito felizes». Eu pertenço a uma classe em que tudo acaba mal: «casaram e no dia seguinte veio o homem exigir a segunda prestação da mobília do quarto...». Também não julgues que a minha mãae lutou sempre sózinha. Tinha ao seu lado uma verdadeira hoste de gente dedicada: santos, santas, beatos e arcanjos, que ela invocava a propósito de tudo. Assim que se aproximava a data de pagar a conta do gás ou da electricidade, começava ela a invocar os santos todos do Céu...S.João, S.José, Sto. António, S.Gonçalo...Estás-te a rir? Fazes-me lembrar um médico que conheci: ria-se ao ver os doentes tomarem os remédios que lhes receitava! Já te disse que não vale a pena fazer essa cara tão triste. A mãe era minha, não era tua! De qualquer forma, não fazes parte da familia burguesa que morava lá no prédio e a minha mãe não atribuía, a ti e aos teus, a culpa de nada. Antes pelo contrário, atribuía tudo aos mações, aos comunistas, aos ateus, aos inimigos da ordem...

Encheu outra vez o copo e bebeu. Com os olhos postos no desenho da toalha, começou a falar baixinho, como se estivesse naquele momento ao lado da mãe:
-Coitada! Para o fim tinha ideias fixas. Morreu com as mãos enlaçadas, rezando pela conversão da Rússia. Ainda bem que morreu naquele momento e não cinco minutos mais tarde. É que, cinco minutos depois, chegou o homem da Companhia para cortar a luz... Tinha-se gasto tudo nos médicos e na farmácia... Não havia um tostão em casa!
-Vocês não tinham um amigo, um parente, alguém que os ajudasse?
-Tinhamos dezenas de amigos: S.João, S.José, Sto.António, o beato João de Brito...mas nenhum deles era estabelecido e nenhum deles tinha conta no banco.
- A morte da tua mãe azedou-te. Nunca mais a esqueceste, mas cos diabos, a vida não parou nesse dia...
-Para mim não, mas para a minha mãe sim.
-Um homem não pode ficar agarrado a um incidente...Há que andar para a frente!
-Pois. Há que andar para a frente!
-Não repitas o que eu digo! É um hábito que me irrita!
-Desculpa. Não o fiz para te irritar. Ainda por cima não vale a pena irritares-te. Sais daqui e vais para o clube ou para casa. Daqui a duas horas já te não lembras de mim nem da minha mãe. Só daqui a um mês é que voltas a ver-me e a jantar comigo. É o teu sacrificio mensal.
-Se fosse sacrificio não vinha.
-Talvez. Não sei...
Durante uns segundos ficaram em silêncio, com os olhos nos criados que, ao fundo da sala, conversavam encostados ao balcão. O filho do oficial da marinha chegou-se para a frente na cadeira e chamou o amigo.
-Gonçalo!
O amigo fez um gesto com a cabeça, indicando que estava prestar atenção.
-És capaz de responder sinceramente a uma pergunta minha?
-Depende da pergunta, mas julgo que sim.
-Para que diabo vens tu jantar comigo todos os meses e conservas esta farsa que é a nossa amizade? Eu não posso interessar-te de forma alguma. Nasci na classe dos 2500$00 por mês e já atingi a minha craveira. Não tenho importância política. Não tenho futuro. Não conheço, sequer, as pessoas que tu conheces...Responde: para que vens tu jantar comigo todos os meses?
Os dois amigos chegaram-se para trás nas cadeiras e despejaram nos copos o resto do vinho. O filho do oficial da marinha insistiu:
-Anda! Diz lá para que mantens esta tradição que nada te interessa...vá...anda...
-Responde tu por mim. Porque julgas que venho?
-Não sei, e tenho pensado muito nisso. Tu e eu sabemos que os nossos mundos são diferentes e que se não misturam. Tu e eu sabemos que a amizade só é possivel dentro de cada mundo. Como posso eu ser amigo de alguém para quem três whiskeis antes de jantar são apenas três whiskeis antes de jantar e não uma despesa incomportável? E tu? Como podes tu ser amigo de alguém que já classificaste mentalmente como pertencente à classe dos que não ultrapassam a barreira dos 2500$00?Há mais de trinda anos que jantamos juntos uma vez por mês, e eu nem sequer sabias que o meu pai era oficial da marinha...Todos os meses nos sentamos à mesa, e olhamos um para o outro, sem sabermos em que falar...Não conhecemos as mesmas pessoas, não lemos os mesmos livros, não temos os mesmos interesses. Até as nossas gravatas são diferentes. Eras capaz de aparecer junto dos teus amigos com a minha gravata?
-Não.
-Tens algum outro amigos que use gravatas semelhantes às minhas?
-Amigos, não.
-Eras capaz de me convidar para jantar num restaurante onde soubesses que irias encontrar amigos teus?
-Estás a fazer perguntas idiotas, que não levam a nada.
-Responde: eras capaz?
-Posso encontrar amigos meus neste restaurante...
-Não mintas. Sabes tão bem como eu que os tipos da tua classe não vêm ao Leão d'Ouro.
-Porquê?
-Pela mesma razão por que não compram gravatas iguais à minha. Julgas que sou parvo ou que nasci ontem?
-Não tenho o mais pequeno desejo de te mentir e, já que tanto insistes, respondo-te sinceramente: era cpaz de jantar contigo num restaurante onde estivessem amigos meus. Já atingi na vida uma posição que me permite ser visto com quem quiser.
-A tua resposta, Gonçalo, é mais do que elucidativa. Já agora, diz-me: porque mantens estes nossos jantares mensais?
-Tinha-te pedido que respondesses tu.
-Então, continuo. Virás aqui para depois, em casa, pensares contigo mesmo que continuas fiel às tuas amizades do liceu e que és um tipo superior ao teu mundo? Atribuir-me-ás influência política num campo em que te convem ser considerado um ser humano? Estou farto de pensar nisto e ainda não cheguei a qualquer conclusão. Inclino-me, no entanto, para a primeira hipótese. Creio que vens jantar comigo para não perderes completamente o respeito que desejarias ter por ti próprio. Queres pensar que, apesar das tas administrações e da tua fortuna, continuas a ser o mesmo gajo de sempre, o mesmo gajo que eras no liceu. Eu sou a prova disso, o amigo do liceu com quem te continuaste a dar pela vida fora. Vens jantar comigos para poderes dizer a ti proprio que és um gajo porreiro. Acertei?
-Não.
-Então, porque é?
-Já que tanto insistes numa resposta sincera, vou dar-ta. O problema, porém, é outro: quererás realmente saber a verdade?
-Quero.
-Ainda que te desagrade?
-Já sabes que no meu mundo as mães nunca chegam a comprar os tapetes encarnados que tanto desejavamo. O desagradável é, para nós, o menor dos males...
-Pois bem: aqui vai a resposta sincera que me pediste: não me interessas nada, absolutamente nada. Venho jantar contigo por uma questão de hábito e mais nada. Criou-se o hábito e olha...continua...
-Esqueceste-te duma coisa.
-De quê?
-De que eu sou, talvez, a única pessoa com quem podes ser verdadeiro, até por ser a única pessoa das tuas relações que não interessa aos teus negócios e que te não interessa socialmente. Uma vez por mês, vens ser verdadeiro comigo. É como se tomasses uma purga.
O amigo rico sorriu:
-Lisonjeias-te a ti próprio António, ao pensares que tens um efeito purgativo. Nem isso tens...
Levantaram-se e chamaram o criado. Dividiram a conta ao meio e saíram. Cá fora chovia.
-Até ao dia15.
-Até ao dia15.
*kisses*

terça-feira, abril 04, 2006

...Fenómenos Sociais

[...]
De facto, o conhecimento que temos de nós proprios é bastante importante no conhecimento que temos do exterior ("...cada um tem espontaneamente tendência a ver o seu próprio reflexo no mundo."), o que facilita a adopção de uma atitude etnocentrica que deve ser evitada.
Para compreender qualquer cultura é necessario saber aceita-la como normal e analisar o que lhe é envolvente. Assim, uma realidade apresenta-se diferente quando estudada por diferentes ciências, uma vez que estas se focam em diferentes aspectos. Devemos aceitar qualquer forma de vida pois, no seu intimo, verificar-se-ão aspectos que conduziram "a isso".
[...]
Na nossa sociedade rotulamos as pessoas como "desviantes" só porque estas não cumprem as normas (sociais) estabelecidas, normas essas que quando criadas não "se" preocupam com o efeito que terão. Passamos a vida a limitar comportamentos porque a sociedade condena esta ou aquela atitude. Limitamo-nos mesmo quando não concordamos, mesmo quando uma parte significativa da sociedade não concorda com o instituido, esta não luta com receio de "ficar mal vista". Não devemos ignorar as categorias de pensamento instituidas mas não devemos ter medo de ir contra elas se assim o acharmos necessário.
[...]
Ao estudarmos as relações sociais deparar-nos-emos com relações "crueis" que ignoram os interesses ou direitos de uma classe em deterimento de outra.[...] É ainda necessário ter em conta que, ao analisarmos uma acção colectiva estamoa a analisar uma acção complexa, essencialmente porque uma acção colectiva envolve vários sujeitos que trabalham com um mesmo objectivo. Deste modo, uma acção colectiva não tem lugar em si mesma, mas antes na acção de individuos que a constituem, não é boa nem má por natureza, mas antes pelas condições sociais em que se desenvolve.
[...]
[...] faz-nos reflectir sobre a vida, as pessoas, as acções, as relações do mundo de hoje e de sempre. Os juizos que formulamos, as atitudes que assumimos, as vontades que demonstramos, não são acções singulares e de pouca importância, são acções que constroem a nossa realidade, boa ou má...[...] Talvez se todos reflectissemos sobre alguns dos aspectos lançados neste livro o mundo se tornasse um pouco melhor, afinal somos nós que criamos a realidade, logo só nós a podemos mudar. Resta-me perguntar quando, ou mesmo se algum dia, seremos capazes de o fazer..."Somos sentimentais, em particular, quando recusamos estudar certos assuntos porque preferimos ignorar o que se passa em vez de corrermos o risco de, ao saber-lo, pormos em causa uma qualquer das nossas afeições de que, talvez, não tenhamos nós proprios consciencia.". Critico fortemente a sociedade, mas sei que, ao faze-lo, me critco também a mim, talvez de uma forma mais severa.

[Excerto do comentário da obra Introdução à análise dos fenómenos sociais, trabalho de Introdução às Ciências Sociais no 1ºano]

*Kiss*

segunda-feira, abril 03, 2006

A new start



Chove lá fora, muito. A trovoada parece estar cada vez mais proxima. Desligaram o quadro. Escrevo à luz de uma vela e dos relampagos que insistem em iluminar-me de vez em quando.
Esperei por ti até não poder mais. Não apareceste, como sempre. Já devia saber.
Pela janela pouco se vê.
Lembro-me de tanta coisa passada do lado de lá do vidro. Sentada aqui nesta cama consigo lembrar-me de quase tudo, ou de tudo(à minha maneira), lembro-me de cada segundo...quase consigo (re)viver tudo novamente. Pergunto-me se também te lembras...não...não lembras, se lembrasses não me farias esperar horas a fio, não me farias promessas vazias, não me falarias num sempre que acabou lá trás. Se te lembrasses eu não estaria aqui a lembrar-me de tudo, estariamos os dois a (re)viver tudo, os dois, juntos. Se calhar fui só eu que vivi tudo isto, só eu, sózinha.
Tenho saudades de tudo o que vivi ou vivemos, não sei. E não acho que seja mau ter saudades, não. É bom porque significa que valeu a pena, mas é triste também. Triste porque significa que acabou. Sim, acabou.

Um beijo.

Lá fora continua a chover, a trovoada parece ter acabado. Atraves da janela vejo um vulto, se fores tu volta noutro dia.

Este é o 7ºblog que faço, desta vez largo o photoblog para me juntar à "esfera blogspot". Seguindo as pelavras da minha jornalista favorita criei um novo blog(já que o meu pb acabou e não me aptece criar um novo mail, e pagar está fora de questão), mais um espaço de partilha ou do que seja. Dalila cá está ele, e antes das férias=)

*kisses*