quarta-feira, abril 19, 2006

I

Virei costas. Não por não gostar. Não por não querer ajudar. Simplesmente por não ser capaz de o fazer.
-Vais-te embora assim?
-Assim como?
-Ela esta a chamar-te. Como consegues ir embora, ela precisa de ti.Ela quer a tua ajuda!
-O meu nome é muito mais que um "aglomerado" de letras. Eu preciso, realmente, ajuda-la. Eu quero faze-lo. Mas por enquanto não posso, não sou capaz.Vê se entendes.
-Não entendo...

"-Menina..ohh menina...." este chamado tornou-se um eco na minha cabeça...não esqueço aquela voz desesperada, a mão esticada a pedir ajuda, a força e o medo que deixei atrás das minhas costas quando me virei para vir embora.
Sei que não me ouve, sei que não me entenderia, mas peço-lhe desculpa por não lhe ter segurado a mão com mais força e por mais tempo. Mas os dias passavam depressa e, por muito que me eforçasse, não conseguia entender o seu medo.
Queria esticar a minha mão, apertar a sua com força, dizer-lhe que tivesse calma, que estava tudo bem. Queria ajuda-la. Mas durante todos esses dias raramente lhe encontrei os olhos, apenas uma ou outra vez. Uma ou outra vez que me cortaram a alma, a tristeza e o grito por auxlio.
"-oh Menina não vá, menina. Menina..." mas eu tinha de ir, assustava-me a ideia de lhe dar a mão, de lhe dar a mão e não a conseguir ajudar como realmente queria. Assustava-me a ideia de impotencia. Assustava-me a ideia de momentaniedade e esquecimento. Porque a ajuda seria momentanea e o seu resultado também. Queria ajuda-la. Queria ajuda-la, mas para além de tudo queria saber que um dia poderia virar costas que a senhora ficaria um pouco melhor.
Mas nunca soube o que precisava para ajuda-la. Nunca soube porque é impossivel. É impossivel virar costas e deixar tudo bem, e deixa-la bem. É impossivel...

[à "sra.d.Mariana"*sei que, mesmo que não se lembre desses momentos, a ajudei (mesmo que por-vários-breves instantes)a ultrapassar, ou a esquecer, esse medo que ninguém conhece. Talvez seja 'apenas' o medo da solidão!*]

Back from paradise...
Cheguei hoje. Deixei parte do meu coração(despedaçado) lá...mas daqui a semana e mei regresso!Adroro aquilo, adoro-os.
Espero k a vossa Páscoa tenha sido muito boa...repleta de coelhos, amendoas e ovos=)
*Kisses*

2 comentários:

Ana Garcia disse...

este texto está bonito.... É tão triste quando queremos ajudar alguém e não podemos.... É tão triste quando queremos fazer alguma coisa pelos outros e não podemos.... E faz-nos sentir o coração apertado de tanta dor ter tanta vontade de mudar o mundo e não ter meios para o fazer.

O medo da solidão..... ai, esse medo! A má sorte persegue-me, não há hipótese. Posso ter o coração carregado de amor e não ter meios para o deixar florescer.... Ou melhor, meios até tenho.... apesar de um pouco impensáveis.... e que estão do outro lado do oceano...
(desculpa o desabafo, vim aqui para comentar o teu texto e estou aqui a falar de mim....)

beijinhos

Jay Dee disse...

Quem é sra.Mariana?
Passou-se algo que não me tenhas contado?
aiiii