quarta-feira, maio 31, 2006

lembras?

Lembras quando não me querias emprestar os brinquedos e o teu irmão, ou os teus pais, te obrigavam? E quando me dizias "queres ficar?então chora", e eu chorava? Ou quando faziamos "birra" para dormirmos na mesma casa?
Lembras?

Lembras quando cantavamos, ou melhor, quando berravamos uma música do michael jackson (que na altura tava assim..no auge) que tava sempre a dar na "rádxio cidadxe"? E quando gravavams cassetes e inventavamos músicas que iam ser grandes sucessos(e foram)? Ou quando faziamos exposições como verdadeiras artistas (que depois de fazerem vinte mil experiencias expoem apenas cinco)? E dos baralhos de cartas e massos de notas que fizemos(e que agora nos dariam tanto jeito)?
Lembras?

Lembras quando nos aventuravamos em cima de patins, ou melhor, quando tu insistias para eu me aventurar(porque eu nunca me dei muito bem com eles)?Quando deslisavamos e derrapaavamos no hall do prédio?E quando transformavamos a casa numa estrada (e já nessa altura o veiculo levava mais passageiros do que o permitido,lol)? Ou quando desciamos as escadas de Condeixa a alta velocidade, em bicicletes do tempo das nossas mães?
Lembras?

Lembras quando nos chateavamos e deixavamos de falar até ao momento que íamos comer e ficava tudo bem? E das vezes em que não paravamos de rir e quase eramos castigadas? Ou então das vezes em que comiamos sal às escondidas, brincavamos aos supermercados só para ir à despensa comer chocolate para o leite, ou quando dançavamos o tango quando (depois de nos dizerem) íamos buscar (às escondidas) chocolate para comermos na cama? Lembras quando fingiamo fazer estalinhos com as mãos para que ninguem percebesse que estavamos a comer pastilhas na viagem? ou quando comiamos outro genero de pastilhas que nem vale a pena explicar? Lembras das pipocas, dos tremoços, das farturas e do algodão doce que o nosso companheiro mais que tudo nos dava? E das azeitonas que roubavas para eu comer, das batatas (fritas,claro) que comiamos por causa dos colares, do açucar com morangos ou com laranja que comias e eu não dizia nada para que ninguem te obrigasse a por mais fruta no açucar, e dos pique niques que faziamos no sotão de Condeixa com bolachas roubadas, e dos bombons dos cafés dos "mais crescidos", e das escarpiadas...? E lembras das nossas longas idas ao centro só para comprar gomas?
Lembras?

Lembras das mensagens que mandavamos para o céu? Das horas passadas em casas de outras pessoas a brincar com os seus brinquedos? Ou das vezes que entravamos pela janela para a casa da filomena, perguntavamos pelo jorge e obrigavamo-la a fazer pipocas? Dos jogos que levavamos para o trono? E dos piratas e das piratas? Ou das brincadeiras em dias de anos em que alguem terminava magoado (e lá ficava eu chateada por voces se terem chateado),e das vezes em que fingiam estar chateados só para me verem triste?
Lembras?

Lembras das leituras secretas em Condeixa, ou das conversas telefonicas que lá tinhamos? E de irmos para a cave às escondidas porque tinhas alergia ao pó? E de "fugirmos" de bibicleta e o nosso companheiro dizer-nos, quando chegámos, que podiamos ir para onde quisessemos desde que não saíssemos de Condeixa?E das sestas que fingiamos dormir até ao dia em que , depois de fingirmso, ele nos disse "agora não saem de cas enquanto nao dormirem a sesta"? E das horas passadas entres os quartos, o sotão e a cave? E das vezes em que usamos os talheres "bons" e os pusemos na maquina? ou das vezes em que comiamos as sardinhas quase todas enquanto se assava e depois, com as batatas, só tinhamos uma ou duas? Lembras de visitarmos mil pessoas, e de corrermos na quinta? Ou de apanharmos alfinetes? E de quando fugiamos da tia zé? E lembras quando ns obrigavam a experimentar roupa na feira (aqueles calções magnifico de lycra flurescentes e transparentes)? Ou quando fomos ao concerto dos quinta do bill e não tinhamos idade mas nos deixaram entrar na mesma(e sem pagar)?E quando iamos buscar fruta à cerejeira? Ou quando visitavamos a Assunção e assumiamos os nomes das nossas mães? E de quando fizemos o nosso companheiro prometer que não vendia a casa, e ele, emocionado, contava isso a toda a gente? E do orgulho com respondiamos, quando nos perguntavam "quem é o vosso avô?" ou "com quem é que voces estão?", " com o arquitecto F. Paula"?
Lembras?

Lembras quando íamos para sines? Dos planos que faziamos, do projecto que criamos para aquela cas que "um dia ha de ser nossa"? E das vezes em que tiramos imensos panfletos do supermercado p brincarmos em casa? E dos passeios descalças? Ou da areia que traziamos da praia? E das sopas que se estragavam sempre?
Lembras?

E lembras dos jogos de pontaria em outras varandas que faziamos com molas em armaçao? ou daquela ves em que ela se descuidou? Lembras de dormirmos no chão? E de comprarmos gomas? E dos jogos as cartas interminaveis na praia, com os teus primos? E do controlo de fumadores que fizemos? E Do fim de semana em casa dos teus tios (não pelo melhor motivo)? Dos banhos no jardim, das saladas inventada? E dos dias em casa dos teus avos? Em que inventamos mil coisas para fazer quando parecia nao haver nada? E de quando me foste levar a homres?
Lembras?

E lembras das horas que passavamos em tua casa, na minha ou na nossa? Das casas que criámos? dos jogos que inventámos? Lembras de obrigarmos a avo pitó a brincar conosco (e de chorarmos quando ela morreu por nunca lhe temos explicado, que era tudo a brincar)?E de quando andámos na mesma escola e fingimos ser inimigas só por causa da outra "que era muita má"? E dos almoços em familia? E do meu bolo cheio de formigas? E das vezes em que te fechavas no quarto e so me deixavas entrar a mim(depois de insistir,claro)? E quando morreram os teus peixinhos? E lembras de escrevermos papeis para os vizinhos da frente? E de fazermos imensas coisas semi proibidas?

E de quando morreu o meu anjinho?

E de quando foste para moçambique,lembras? E de quando voltaste?

E lembras da altura negra...o adeus, o fim, o até sempre...?

E lembras do agora, das palhaçadas em que não mudamos nada, das palhaçadas que criámos e recriámos, das conversas que temos horas a fio(tal e qual como quando eramos novas), das gargalhadas que partilhamos, dos segredos que contamos, dos concertos juntas..de tudo?
E sabes não podia ser melhor...as coisas são assim porque têm de ser, porque nós queremos e porque consciente, ou inconscientemente, estamos a cumprir com a promessa que um dia fizemos.... " vamos ser sempre assim, amigas quase irmãs, para sempre" , Lembras?

Para ti pimona doida (apesar de nao leres isto,lololol)!
Post extremamente secante para muitos, eu sei, e desculpem lá...mas aptceu-m=)
Kissezão=)***

sábado, maio 27, 2006

I eno tca

As cores eram preto e castanho, um preto com riscos de vermelho e um castanho suave e agressivo. No fundo a imagem parecia mais escura do que aquilo que realmente era, por dentro.
Pontos, muitos pontos, claros, médios e escuros, mas essencialmente escuros. Contornos desajustados, confusos mas perceptiveis.

"- Eu acho que ele não era para vir, mas depois falou com ela e lá de..."
"- Não sei...por acaso gostava de os ver, mas depois de tudo..."
"- Combinei ao pé do comboio.."
"- Não atende!"
"- Olha p'ra 'quilo meu..."
"- Nunca mais."
"- Eu queria mesmo era que viessem..."
"- Brunoooo..."
"- Eish há tanto tempo!"

17.55h
Pouca cor, muitos pontos, alguns contornos e uma música desafinada como fundo.
Cheirava a ansiedade, ansiedade para entrar num outro mundo.
Passavam carros, pessoas, "poeiras" e minutos, largos minutos. Lenta e calmamente os pontos misturavam-se, transformavam-se e íam trocando e avançando. Lenta e calmamente, como se nesses movimentos houvesse uma qualquer ciencia que obrigasse a movimentos controlados e milimétricamente acertados.

18.45h
No outro mundo o som é, com certeza, diferente. A imagem que se desenhava ansiosamente cá fora ía crescendo, continuando, na sua essencia, igual.
"- Assim nunca mais..."
"- Achas que ainda falta muito?"

"- Não sei mas os outros devem tar quase a acabar."
"- Epá epá...olha para isto!"

19.06h
"- Fodapiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...."
Como se não houvesse sitio melhor, guarda-se o que se pode nos sitios mais estranhos possiveis e prepara-se uma entrada rápida para o outro lado. Passados quase [mais] trinta minutos atinge-se o objectivo.

" you hide in your room
I´m so sorry to say
it only makes me laugh "

E a partir daí, nesse novo mundo, em que já não há contornos e em que as cores, embora escuras, se tornam mais claras, é sempre a abrir! E nesse novo mundo vê-se mesmo de tudo, do bom e do mau e quanto mais se espera mais se vê. E cheira-se de tudo.
E entre cervejas e aguinha, entre saltos e corridas, entre mac e sandes, entre os diferentes palcos e espaços daquele mundo, o tempo vai passando, a correr, como aquele que se dá conta de que está a perder o inicio de soulfly, e como o vento que insiste em tornar tudo mais igual.

23.13h
Obrigada. Palavra espanhola, a única conhecida por sinal.
Os pontos reunidos, um pouco mais abaixo, gritam, por seu turno, a única que lhes ocorre:
"Portugal".

E tudo segue...o vento acalma mas não se esquece de nos envolver. E korn vem...e vai...e com isso expulsa todos daquele mundo.

Até amanhã.

17.00h
Desta vez não chegam sequer a formar-se os contornos. Mas são mais, muitos mais, o dobro ou mais ainda. Os pontos movimentam-se rapidamente, quase que obrigados a correr. Sem esconderijos secretos, apenas disfarçados.
Com menos um companheiro, o sol torna-se insuportavel. Não há tons de castanho a igualarnos, o ventos cansou-se e desistiu. Não há "poeiras" restam-nos os bichos.

18.00h
O lugar vazio nas tábuas principais dão lugar aos Primitive Reason, o ambiente torna-se melhor.

E entre cervejas e aguinhas, entre saltos e corridas, entre mac e sandes, entre pedras e caminhos por entre rios (que nos levam a outros mundos)entre os diferentes palcos e espaços daquele mundo o tempo vai passando a correr, tal como muitos dos pontos presentes quando o relógio marca 19.00h. É a primeira hora do dia!

Olá Portugal. Estamos muito contentes estar aqui hoje. Thank you, Obrigada.

Primeiro um, com muito jeitinho, depois o outro. Com os dois no ar, um exercicio repetido de junta e afasta que se transforma num som brilhante misturado com assobios entusiasmados. É o "obrigada por terem vindo" possivel nesta altura. Sem vento, sem espaço, com sol, suor, calor, fumo e a emoção conjunta de mais uns segundos, 4500 segundos para ser precisa, de algo magnifico.

Sem ar. Parece não haver mais ar disponivel. Os pontos dispersam.
Sentados relembram-se de outras vidas, outros concertos num mundo em tudo semelhante.
"The piercing radiant moon,
The storming of poor June,
All the life running through her hair."

21.00h
"-Pessoal vai começar..."
A correria, mesmo sem a ajuda do vento instala-se
"-...eu vou lá para a frente."
"-Eu também."
Deftones brinda-nos à medida em que as vozes já não são vozes mas ruidos - o estomago aperta.
Resta-nos sentar e cala-lo.

23.23h
Passam 38 minutos do inicio e o som é em tudo diferente do anterior.

I was never faithful
And I was never one to trust
Borderline bipolar
Forever biting on your nuts
I was never grateful
That's why I spend my days alone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home (Broken home)

Ora sentados, ora em pé os pontos oscilam entre momentos quietos ou de eternos movimentos.

A noite vai longa e podemos gritar quando a Ferramenta mais esperada nos presenteia não com uma imagem não muito nitida, mas com uma voz conhecida mas simultaneamente "nova", melhor do que a dos discos e afins por aí disponiveis.
I,
choose to live and to,
grow,
take and give and to,
move,
learn and love and to,
cry,
kill and die and to,
be,
paranoid and to,
lie,
hate and fear and to,
do,
what it takes to move through.
I choose to live and to,
lie,
kill and give and to,
die,
learn and love and to,
do,
what it takes to step through.
See my shadow changing,
stretching up and over me
soften this old armor.
Hoping I can clear the way by
stepping through my shadow,
coming out the other side.
Step into the shadow.
Forty six and two
are just ahead of me.

A minha cabeça foi mais um entre muitos pontos. Preto. Um ponto que não ficou muito mais do que 20 minutos para além disto, com muita pena. Foi-se movento lentamente de regresso ao mundo de origem.

Lá dentro ficam histórias de todos os géneros para contar. Cá fora também.
Foi a PDL!
Para o ano há mais. [talvez sem este ponto...]

Uma frequencia já lá vai...preciso de 13...
agora aproxima-se outra, e depois outra, e outra e mais outra e... agora vou estudar.
*KISSES*

[Parabéns à Joana Santos pela jornalista maravilhosa que é!]
[Parabéns à Xana por estes 1095 dias =)***************************** ]
[Parabéns à Inês (espero não me ter enganado)por este aninho de vida e por se mostrar, logo à nasceça, uma menina com optimos gostos musicais!]

terça-feira, maio 23, 2006

Obrigada

Sei que tinha dito que só aqui voltava depois de 5ª mas tive de vir antes.

Hoje quero um post diferente. Em tudo.
Hoje vai ser diferente. Há alturas em que fico mais sensivel ou emotiva (e nada tem a ver com "aquelas alturas do mês", nada.), não sei porquê e, para ser sincera, nem gosto mas a verdade é que fico, e contra isso nada a fazer. Mas como dizia hoje vai ser diferente. Hoje quero agradecer. Quero agradecer a todos.

Quero agradecer aos que não conheço e que fazem com que valorize ainda mais os que conheço.
Quero agradecer aos que gosto e também aqueles que não gosto.
Quero agradecer às pessoas que vejo na rua e me fazem perceber o que (não) quero ser ou parecer. Aos que passam por mim e me mostram o quão importante é uma migalha ou um sorriso.
Quero agradecer aos que não me conhecendo me retribuem o sorriso e às crianças que brincando me fazem acreditar que ainda há esperança.
Quero agradecer aos que não me conhecendo de lado nenhum confiam em mim para falar. E também àqueles que (não me conhecendo) são de tal maneira antipáticos me lembram o mundo em que vivemos.
Obrigada.

Este post vai ser diferente, já disse. Porque mesmo generalizando é possível especificar um pouco mais. E hoje quero agradecer. E quero agradecer a todos.

Quero agradecer aos que me dão um sorriso sem receber nada em troca, aos que me dão umas lágrimas quando lhes ofereço o ombro (e recebo mais do que lágrimas nessa altura), aos que me dizem "ola, tudo bem?há tanto tempo" quando penso que não me conhecem, ou aos que me dizem "que saudades" quando penso que não significo nada para eles.
Quero agradecer aos que me desculpam quando, por falta de algo (tempo, organização ou o que seja), não posso responder ao que me pedem (ou convidam); aos que insistem para eu ir quando não estou bem ou quando estou bem (e fico sempre melhor); aos que acabam por ir só porque eu lhes peço.
Quero agradecer aos que me conhecem de tal modo que sabem se estou bem ou mal apenas pelo meu olhar, aos que sabem quando estou mal mas pareço bem e aos que sabem quando pareço mal mas estou bem.
Quero agradecer aos que acreditam em mim, conhecem o meu valor e que conhecendo as minhas qualidades (e também os defeitos) me incentivam e me dizem "vai em frente".
Quero agradecer aos que mesmo distantes estão presentes e aos que estando proximos mas não me conhecendo tão bem, me conhecem o suficiente para dizer "isso é mesmo teu".
Obrigada.

Eu disse que ía ser diferente, não me preocupa se foi mais secante, ou não, não me preocupa se gostaram, ou não. Precisava agradecer porque, voces não sabem, mas eu fico mesmo contente quando que pessoas que não me são proximas conseguem ver aquilo que sou. Precisava agradecer porque tenho perto de mim as pessoas mais maravilhosas que podia, os meus amigos.

Quero a gradecer a todos, os que conheço ou não, os que me sorriem ou não, aos que acreditam em mim, naquilo que sou e que posso. Obrigada.

[um obrigada especial à minha mum e aqueles amigos especiais que não preciso nomear, voces sabem quem são e se alguém, sem ser, pensar que é não faz mal, pelo menos houve uma pessoa que ficou contente como eu por ter a quem agradecer.]

domingo, maio 21, 2006

Uno


E agora, olhando para trás, era apenas uma cadeira, apenas mais uma. Tal como tu eras apenas mais uma pessoa, mais uma que conheci um dia e que fez parte de mais uma história da minha vida. Apenas mais uma pessoa, apenas mais uma história. E agora, olhando para tudo sei que são estes "apenas" que fazem um todo e um tudo que não sinto completos.
Gostava de poder sentar-me naquela cadeira, como costumava fazer, deixar-me embalar e acreditar que eramos melhores. Hoje sei que não somos. Acho mesmo que sempre soube que não eramos, nunca fomos, nem nunca o poderiamos ser. Mas hoje sei-o de uma tal forma que me faz compreende-lo e aceita-lo de uma maneira diferente. Não eramos, nem somos, melhores porque ninguem o é. Porque ninguem é melhor ou pior, limitamo-nos a ser diferentes. E todos o somos.
Mas era mais fácil encarar o "mundo" quando me embalavas, era. Era porque hoje exijo cada vez mais de mim, e cada vez mais do "mundo",não dos outros mas do mundo. Se calhar, vai dar ao mesmo...
Quando olho o mundo que me rodeia....quando olho esse "mundo" sinto uma vontade enorme gritar para que todos acordem. Mas ninguém dorme, estão todos acordados, e ninguém ve o que fazemos e para onde caminhamos.
Ninguém se preocupa.
Ou pelo menos, cada um se preocupa sozinho e se deixa embalar nuns braços como os teus, e cada um se deixa embalar no seu umbigo......porque nos esquecemos que sózinhos jamais existiríamos....

Bem penso que este será o meu ultimo post esta semana, ou pelo menos nestes proximos dias. Frek. de P.E.D. na 5ª de manhã (tou em panico..."" tenho de tirar 13...maldito sistema) e Super Bock Super Rock 5ª e 6ª =)
*kissezão*

sábado, maio 20, 2006

sintra


Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.

Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas.

Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões
de crista.

Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro as milhões.

E diz o inteligente
que acabaram as canções.

[E quando eles dizem isso
nós respondemos assim
na na na na ra ra, na na na na ra ra, na na na ra ra...]

Nota - Poema de Ary dos Santos, teve o1ºlugar no Festival da canção da RTP, em 1973, cantado por Fernando Tordo.
Não sou a favor do touradas. Não gosto. Mas adoro esta música (que por sinal tem muito que se lhe diga, e pouco de touros), e quando penso na altura em que surgiu gosto ainda mais.

No fundo deixo-vos aqui um resumo da minha noite de ontem. Fui ao Centro Olga Cadaval, assistir a um concerto de Fernando Tordo e tive a sorte de poder ver a exposição World Press Cartoon (que já era para ter visto). Amei os dois.
Fernando Tordo nem sequer é muito a minha onda, mas o concerto foi brilhante, gostei mesmo muito. A Tourada foi das últimas musicas que cantou e foi lindo ouvir o "na na na na ra ra..."(desculpem lá se o ritmo tá errado mas passar isto para escrito..lol)!
Quanto à exposição tem cartoons muito bons e para todos os gostos (acaba hoje). Escolhi este porque dos que mais gostei este era dos pouco disponiveis na net.

*Kiss*

quinta-feira, maio 18, 2006

A rosa e a lua

En el silencio estrellado la Luna daba a la rosa y el aroma de la noche le henchía -sedienta boca- el paladar del espíritu, que adurmiendo su congoja se abría al cielo nocturno de Dios y su Madre toda... Toda cabellos tranquilos, la Luna, tranquila y sola, acariciaba a la Tierra con sus cabellos de rosa silvestre, blanca, escondida... La Tierra, desde sus rocas, exhalaba sus entrañas fundidas de amor, su aroma ... Entre las zarzas, su nido, era otra luna la rosa, toda cabellos cuajados en la cuna, su corola; las cabelleras mejidas de la Luna y de la rosa y en el crisol de la noche fundidas en una sola... En el silencio estrellado la Luna daba a la rosa mientras la rosa se daba a la Luna, quieta y sola.
[Miguel de Unamuno]

Cansada...really cansada e bastante atrapalhada..planeamento a caminho...cabeça na parede...
*kisses*

Parabens à minha filha ké a melhor =)
[Espero que a aventura "Ceição, os livros e os correios" tenha corrido e já tenhas o meu livro autografado;) ]

terça-feira, maio 16, 2006

23

19.55h. Ou qualquer coisa parecida. Numa média de 50km/h o autocarro contorna aquelas curvas do Monsanto onde se vê de tudo (ou de nada).
Um pouco vazio nem parece o mesmo 23 que se apanha em hora de ponta. Mas é. Conheço-lhe os bancos, as janelas sempre fechadas (trocadas por ar condicionado), os papeis informativos e a última campanha da Carris "Prefere pagar 65 cent. ou 65 €, com bilhete é mais barato", dizem. Conheço algumas caras e reconheço o trajecto. Aquela estradas, aquele caminho, aquelas curvas, aquelas paragens...aquelas pessoas que se deslocam lá fora e atravessam a estrada a correr, ou se aproximam de carros quando lhes é pedida um informação.
É extraordinario o que passamos a conhecer se andarmos diariamente de transportes publicos. Hoje divirto-me a imaginar a vida dos "meus colegas". Hoje consigo advinhar (quando não erro...) que autocarro vai apanhar aquela pessoa que olha impacientemente para o relógio.
À minha frente vai uma rapariga a falar ao telemovel. Fala tão alto que mesmo com headphones consigo ouvir a conversa toda. Um grande dilema amoroso. Se me tivesse perguntado a mim, ter-lhe-ia dito que tinha cometido um erro. Não perguntou e ainda bem. Não sei a história toda.
Do outro lado da rua, na paragem contrária, uma senhora faz sinal ao motorista. Atravessa a rua a correr e entra com uma criança. Deve ter uns 9 ou 10 anos e está de t-shirt. A mãe tira da carteira aquele cartão que lhe permite não pagar os 65€ (mas de qualquer maneira bem mais do que os 65cent.), passa-lo pela maquina, abraça o filho e senta-se com ele no mesmo banco, bem junto da porta. Está preocupada. Passa-lhe as mãos pela cara vezes sem conta, "estás bem?", passa-lhe outra vez as mãos pela cara. Ele não responde. Está acordado, mas fraco.
O autocarro pára de repente. Não há Stop, nem sinal vermelho, nem paragem, não há nada. Ou se calhar há algo muito mais importante. A porta está aberta e lá fora, agarrado a um poste, está o miudo aflito, agaraado à barriga a vomitar o mais que pode, e a mãe, aflita e preocupada.
"Vá-se embora, nós apanhamos o proximo, obrigada."
"Veja lá o miudo...estás melhor?"
Não está. Cansado e sem forças senta-se no chão,continua agarrado à barriga.
"Pode ir ele não está bem, nós depois apanhamos outro."
"Veja lá o miudo..."
Lentamente e com a ajuda da mãe levanta-se e dirige-se para o autocarro. Está mais fraco do que nunca. A mãe agradece o tempo que o motorista esperou e diz à criança para não se sentar. A criança tenta obedecer-lhe mas não consegue, agarrada ao corrimão vai deslisando, caindo. Não tem força para ficar de pé.
Aparentemente bebeu leite estragado na escola. Mandaram-no para casa e avisaram a mãe.
De repente o autocarro já não vai a 50km/h....o acelarador deve ir bem mais fundo. As árvores passam por nós a correr, e os outros carros perdem a corrida. Está vermelho. Abrandamos e quase paramos. Está verde. Corremos o mais possivel. Chegámos. O Hospital está a uns metros, metros que mãe e filho terão de fazer a pé.
A mãe agradece uma vez mais.
E eu também.
[Pk sabe tão bem ver que, de vez em quando, ainda somos seres humanos!]

Bem estou a chegar à fase de isolamento...=
*kisses*

quinta-feira, maio 11, 2006

Lógica...ou não

Gostava de perceber a lógica de certas coisas. Ou a "ilógica". Há coisas que não entendo.

Por exemplo, a palavra destrocar (que está em vários dicionários e que é utilizada vezes sem conta), esta palavra não faz qualquer sentido (pelo menos não na maneira como normalmente é usada). Vejamos "destroca aí essa nota de 10€ por moedas de 1€" (só para tornar as coisas mais simples), se eu trocar uma nota de 10€ por moedas de 1€ fico com 10 moedas,certo? se eu voltar a trocar (utilizando sempre as mesmas quantias) fico novamente com uma nota de 10€. Ora, destrocar seria a operação inversa a trocar, neste caso concreto seria trocar as moedas da primeira troca pela nota de 10€. Não consigo entender a lógica do "destroca aí".

Outra coisa não consigo perceber são os "nomes unissexo" e os "cabeleireiros unissexo". Unisexo seria supostamente "um (uni) sexo".
Então, unissexo deveria ser usado para cabeleireiros onde só fossem atendidas mulheres, ou cabeleireiros onde só fossem atendidos homens e não para cabeleireiros onde atendem mulheres e homens. Um cabeleireiro unissexo para homens e mulheres, faz todo o sentido.
E os nomes? Nomes unissexo...por favor. Para já é suposto os nomes não deixarem dúvidas, agora ainda por cima falam-me de nomes unissexo, "ahh esse nome tanto dá para homem como para mulher". Tenham dó, se é unissexo, supostamente, ou é para mulher ou para homem, para os dois ao mesmo tempo é que não. Por exemplo, Cláudia é unissexo, é só para mulheres, não imagino um homem a chamar-se Cláudia (quanto muito chama-se Cláudio, mas isso é outro nome). Assim de repente não me lembro de nomes sem ser unissexo, mas há.

Também não entendo aqueles telefonemas de nº anonimo de alguem que fica três minutos a dizer "sou eu"
-Que é?
-Oh Cláudia sou eu, olha...
-Eu quem?
-Opá sou eu...
E lá tenho eu de deixar a conversa avançar para perceber com quem estou a falar. Custa muito especificar o "eu"?

Posso ainda falar daquela pergunta lógica do "já tas a dormir?", o que fica ainda mais lógico quando a pessoa não responde pois nesse momento é abanada e a pergunta é repetida até que se obtenha resposta.
-Ãh?
-Já tás a dormir?
-Não.
- Então porque que não respondeste antes?
Faz todo o sentido.

Por fim não entendo a lógica de dizer que duas coisas são iguais. Como é que isso se pode provar?

Por acaso isto nem me afecta muito, ou se calhar não afecta nada.
Isto tudo até pode ter lógica, mas lá que não compreendo, não compreendo.

Estou "assim a modos que balurdios de cansada". Amanhã bem cedo Estoril again =)
*kisses*
[mulheri desculpa por sábado..]

"Quem sabe faz, quem não sabe ensina." - Proverbio chinês.

domingo, maio 07, 2006

(re)



Fecho os olhos e tudo o que vejo é passado. Aquela noite. Aqueles momentos. Aqueles minutos. De olhos fechados quase abandono o meu corpo e o espaço onde estou regressando a uma noite escura, fria e molhada, já vivida. É como se me transportasse para lá e (re)vivesse tudo aquilo novamente. Consigo sentir o cheiro a marijuana (e a outras coisas que não identidicando imagino), a roupa encharcada, ver umas cores difusas e tremer devido ao vento que me sopra aos ouvidos e me impede de encontrar o que preciso, uma voz familiar. E de repente, de olhos fechados, faço tudo de novo. Agora já não é "passado", agora estou a viver aquilo pela primeira vez, é presente e, por muito que se pareça com o passado, o final será diferente, será feliz.

São nove e trinta e nove. Detesto estes relógios digitais, parece que estamos a morrer lentamente. Horas, minutos e segundos...parece que a cada segundo nos dizem "estás atrasada". Não é que isso seja importante agora. Estou atrasada, sim, dois anos, sete meses e vinte e seis dias. Sempre memorizei demasiado bem datas...
Eu e o tempo temos uma ralação estranha. Quando falo em horas, minutos e segundos assusto-me tremendamente, detesto contabiliza-los, detesto relógios e tudo o que me prove que uns simples momentos estão prestes transformar-se num dia. Contudo, estou constantemente a contabilizar dias, meses, anos, não consigo evitar. Tenho calendários espalhados por toda a parte, um na minha mesinha de cabeceira, um na porta do meu quarto, um (ou mais) na carteira, e três na minha secretária (um onde risco os dias que passaram, outro onde assinalo eventos importantes e um que mantenho impecavel para que nada estrague o momento em que o recebi...). Relógios não tenho, ou melhor só este (ainda por cima digital) e só o uso porque hoje em dia toda a gente marca horas e, também, porque o recebi da forma mais estranha possível, lembras-te? Só não percebo porque me tiveste de dar um digital, podias ter-me dado um com ponteiros, e sem números. Adiante. O relógio diz-me que estou atrasada nove minutos e quarenta e três segundos. Engana-se. Estou muito mais atrasada que isso.

Devia ter-te procurado assim que me disseste "...eu só preciso provar que sou capaz, só isso. Daqui a uns meses, quando tiver tudo arranjado telefono-te e falamos sobre isso." . Nunca telefonaste. Sempre detestei essa tua mania de fugires quando algo não te agradava. Geralmente fugias sempre que te ligava à procura do meu irmão, primeiro ajudavas-me a encontra-lo e depois saías dizendo "já volto" ou "amanhã telefono-te". Nunca voltavas nem telefonavas. Mas só no dia em que vieste ter comigo ao hospital é que percebi porque o fazias. Tinhas medo de que a conversa nos conduzisse até ti. O teu problema não era falar sobre o meu irmão, e o que o rodeava e afastava. O teu problema era eu poder perceber que tu fazias parte disso. O teu problema era eu tentar puxar-te para cá como tentava, desesperadamente, fazer com o meu irmão. Nunca quiseste ser ajudado. Se calhar porque nunca ninguem foi capaz de o fazer, nem mesmo eu.

A mão treme-me. Não consigo entender como demorei tanto tempo para te procurar. Pior, não consigo entender porque só o faço agora que tenho vontade de te matar, de te matar e, ao mesmo tempo, de te dar a mão e levar-te comigo, com esta mão. Esta mão que assinou há quatro horas o atestado de óbito do meu irmão, esta que treme sem parar.

Corro por estas ruas que desconheço, acho que já passei por esta casa cinco vezes, ou então isto é tudo igual. Estou perdida. As pessoas olham-me e aproximam-se, notam que não sou daqui, deste mundo. Não tenho medo. Estou desesperada, perdida e rodeada de pessoas.
Grito por ti mas não apareces...claro que não. Será suposto conseguirmos encontrar alguma coisa nestas ruas de buracos e casas a cair? Pergunto, a estes fantasmas que aqui andam, por ti. Sim fantasmas, eles não olham uns para os outros, deixam-se ficar quietos como que num mundo paralelo..não são pessoas como eu neste momento, estão anestesiados...conheço tão bem estes efeitos.
A primeira vez que me chamaram por uma overdose bloqueei. Conhecia a rapariga, era a Sara, uma antiga namorada do meu irmão (agora são todas antigas...), era aquela rapariga que todas as mães querem para noras, boas notas, bem comportada, bem educada, responsavel, com muitos amigos, e com muitas outras coisas que nenhuma dessas mães sabia. A partir daí aprendi a apagar os rostos da minha memória para poder agir a tempo e com frieza, é mais fácil assim.
Agora estou sentada no chão, chove cada vez mais. Queria ouvir a tua voz...sei que seria a única coisa através da qual te reconheceria, mas o vento não me deixa. Levanto-me lentamente agora que as minhas lágrimas se misturaram com as gotas da chuva. Procuro uma saída. Já não te quero matar, mas não quero correr o risco de te encontrar deitado no chão e assinar outra certidão.

Ouço a tua voz a gritar por mim e depois um tiro...quando me viro para trás estou novamente atrasada.

Levanto-me agitada. Abro os olhos. Estou a chorar com todas as minhas forças. Abro a janela do quarto, uma nuvem tapa o sol...mas ele está lá. E eu, eu só preciso saber como chegar até lá. Foi a morte mais doce, mais feliz, que me podias ter dado. Obrigada.

Adorei o fim de semana...foi lindo!

[foto...aula de espanhol...algés]

quinta-feira, maio 04, 2006

Ainda não chegámos à Madeira

O Governo Regional da Madeira decidiu não comemorar este ano o 25 de Abril, o que me parece extremamente acertado. De facto, não faz muito sentido que a Madeira festeje uma data que ainda não viveu. Quando o 25 de Abril chegar à Madeira, deve ser celebrado. Até lá, concordo com a proibição total das comemorações. Também não se festeja o Dia da Liberdade em Teerão, que diabo.
Admito que aguardo com muita ansiedade o 25 de Abril da Madeira. Não sei se o regime madeirense permite que a VISÃO circule livremente na ilha, mas gostava de explicar aqui, aos nossos irmãos madeirenses, em que consistirá o seu 25 de Abril, caso a História se repita. Embora eu ainda não tenha percebido bem se é a História que se repete ou se são os historiadores. Adiante.
Se tudo correr como no continente, o primeiro facto histórico relevante é este: Alberto João Jardim cairá de uma cadeira e será substituído por um dos seus delfins, provavelmente Jorge Ramos. Depois, numa madrugada, um grupo de militares fará uma revolução e acabará por instaurar a democracia. Vão ve rque vai ser giro. Nós, aqui no continente, gostámos.
Há, ainda, outro aspecto a considerar. Se nós queríamos que o 25 de Abril fosse celebrado pelo Governo Regional da Madeira, devíamos ter pensado nisso mais cedo. Todos sabemos que o Alberto João Jardim só festejaria o 25 de Abril se os militares tivessem invadido o Largo do Carmo vestidos de Shaka Zulu. Poque é que Salgueiro Maia veio de Santarém numa chaimite, vestido de camuflado, quando poderia ter chegado a Lisboa em cima de um bonito carro alegórico, envergando um vestido de baiana? Foi má vontade do Capitão de Abril, e uma acintosa tentativa de boicotar os futuros festejos da data na Madeira.
É preciso lembrar que o Governo Regional da Madeira não está sozinho. Há muitas outras pessoas que se sentem incomodadas com os festejos do 25 de Abril - o que só fica bem ao 25 de Abril. Um dos principais argumentos contra a celebração da data é o seguinte: a Revolução já aconteceu há muito tempo, não faz sentido continuar a comemorá-la. É um raciocínio interessante, que eu gostaria de ver aplicado a outras festividades, designadamente o Natal. Parece que o acontecimento que se festeja no dia 25 de Dezembro também já teve lugar há algum tempo. Talvez não faça sentido continuar a celebrá-lo.
Pela minha parte, confesso que continuarei a celebrar o dia 25 de Abril de 1974. Nasci três dias depois e agradeço muito a quem fez a Revolução o facto de ter tornado possível que eu não tivesse de viver nem um minuto sob o fascismo. A Revolução, para mim, é como uma cunha: se não fosse o 25 de Abril, eu não teria emprego.
[Boca do Inferno de Ricardo Araújo Pereira in VISÃO, 27 de Abril de 2006]
*Kisses*
(um hug especial pa minha filha)

terça-feira, maio 02, 2006

Erros


Nada sobressai tanto, nem permanece tão firmemente fixo na memória, como algo em que tenhamos falhado.
(Cicero)

Back from Hombres again...aquela comidinha matou-me,nham nham!
(texto e foto sem relacção directa...ou talvez tenha)
=)
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